segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O acórdão III

Manuel Abrantes protegia Carlos Silvino

Os juízes do processo Casa Pia concluíram que o ex-provedor adjunto Manuel Abrantes protegeu o ex-motorista da instituição Carlos Silvino, que teve liberdade e impunidade para praticar abusos sexuais com menores casapianos. No acórdão final o colectivo considerou que existiu uma relação "diferente" entre os dois arguidos, ambos condenados por abuso sexual de menores, que levou a concluir que houve "uma situação de 'protecção'" do ex-provedor ao seu funcionário.


Ao longo dos anos em que trabalhou na instituição, Carlos Silvino teve várias "sanções disciplinares e advertências", mas ao mesmo tempo foi progredindo  na carreira e sendo promovido, "criando um sentimento de superioridade e  impunidade".  
Baseando-se nos relatos de várias testemunhas que trabalharam na Casa  Pia, os juízes entenderam que, "objectivamente, havia uma especial relação entre o arguido Carlos Silvino e o arguido Manuel Abrantes e vice versa",  culminando numa "atitude de protecção" do ex-provedor em relação ao ex-motorista,  que "tinha atitudes que demonstravam ascendente e poder face aos demais  funcionários".  
Os relatos das testemunhas indicam ainda que, apesar da diferença de estatuto entre os dois, Carlos Silvino tratava às vezes Manuel Abrantes  "com arrogância e desrespeito, pondo em causa publicamente a sua autoridade" sem recear "sanção ou recriminação". Por seu lado, Carlos Silvino pôde "movimentar-se no interior da Casa Pia de Lisboa como quis", destacam os juízes.  
Manuel Abrantes demonstrou "tolerância" para com Carlos Silvino e permitiu-lhe  "dispor, sem preocupação, do tempo durante o período de serviço ou dos veículos da Casa Pia" para abusar ou permitir que outros arguidos abusassem de alunos. Enquanto dirigente da Casa Pia e instrutor de processos disciplinares  ao ex-motorista, Manuel Abrantes "desvalorizou e desconsiderou" o risco  que a manutenção ao serviço de Carlos Silvino trazia ao "crescimento, saúde  e formação" dos alunos da instituição.

O acórdão II

"A seu favor [Carlos Cruz] temos apenas a sua integração social, familiar e económica, que o arguido sempre afirmou em julgamento. Esta integração, no entanto, não foi suficiente para justificar uma mudança da sua parte, mas antes facilitou a prática dos ilícitos por si cometidos". Esta é uma das muitas informações presentes no acórdão do processo Casa Pia, disponibilizado esta segunda-feira aos advogados dos arguidos e das vítimas, assim como ao Ministério Público.


Sobre o ex-apresentador de TV, a equipa de juizes liderada por Ana Peres escreveu ainda que a "postura em julgamento foi de negação" e que desvalorizou o depoimento das vítimas.
Carlos Silvino, cuja culpa "apresenta-se em elevadíssimo grau", teve a seu favor o facto de pedir "desculpa pelos actos que praticou" o que revelou estar consciente da gravidade do seu comportamento, repetido durante anos.
"O arguido Carlos Silvino revela através dos actos por si praticados as características de um predador sexual, o que eleva as necessidades de prevenção especial," pode ler-se ainda no acórdão.

MANUEL ABRANTES: "A culpa do arguido apresenta-se em elevado grau (...) pelo aproveitamento absoluto da posição que ocupava na Casa Pia enquanto instituição. (...) colocou em causa com a sua conduta o bom nome da instituição da Casa Pia que o acolheu como profissional."

JORGE RITTO: "A sua postura em julgamento não foi colaborante, revelando ausência de arrependimento e/ou interiorização da ilicitude da sua conduta, o que não se confunde com a sua alegada homossexualidade."

FERREIRA DINIZ: "Verifica-se, quanto a si, especial censurabilidade em cada ilícito, tendo em conta o aproveitamento da sua condição enquanto médico, factor de algum modo determinante na ausência de qualquer suspeição inicial sobre si por parte das vítimas, mas antes condição de aproximação".

HUGO MARÇAL: "Os relatos dos assistentes foram demonstrativos do manifesto aproveitamento das especiais condições de vulnerabilidade das mesmas, bem como da ausência de respeito pela autodeterminação sexual de cada uma delas. Não demonstrou qualquer arrependimento".

O acórdão I

Segundo o acórdão do processo, o tribunal baseia-se em parte nas várias chamadas telefónicas que Ritto fez para a clínica de Ferreira Diniz.

O colectivo liderado por Ana Peres concluiu também que o ex-provedor da Casa Pia, Manuel Abrantes, protegeu Carlos Silvino, na instituição.

Sobre a investigação, o tribunal diz que não houve manipulação por parte da Polícia Judiciária e que os depoimentos foram objectivos e desinteressados

Estes são alguns dos principais excertos do acórdão do processo Casa Pia que a SIC Notícias vai divulgar.

sábado, 11 de setembro de 2010

"If It Be Your Will"

If it be your will
That I speak no more
And my voice be still
As it was before
I will speak no more
I shall abide until
I am spoken for
If it be your will
If it be your will
That a voice be true
From this broken hill
I will sing to you
From this broken hill
All your praises they shall ring
If it be your will
To let me sing
From this broken hill
All your praises they shall ring
If it be your will
To let me sing

If it be your will
If there is a choice
Let the rivers fill
Let the hills rejoice
Let your mercy spill
On all these burning hearts in hell
If it be your will
To make us well

And draw us near
And bind us tight
All your children here
In their rags of light
In our rags of light
All dressed to kill
And end this night
If it be your will

If it be your will.

Leonard Cohen

Sem palavras para descrever o que vivi ontem, deixo a notícia da TVI:

Mais de três horas e meia de música até podem parecer pouco para uma vida inteira de canções. Mas foi o suficiente para Leonard Cohen deixar os fãs portugueses de barriga cheia depois de uma verdadeira maratona, no Pavilhão Atlântico, que percorreu os principais êxitos de uma discografia já com 43 anos.
No terceiro concerto consecutivo no nosso país, o cantor e compositor canadiano voltou a mostrar que velhos são os trapos. Perto de completar 76 anos de idade, Cohen não só tem fôlego que chegue para 29 temas numa só noite, mas também continua a seduzir gerações com uma voz calorosamente grave e rouca.
Dividido em duas partes, com um intervalo de 15 minutos pelo meio, o espectáculo desta sexta-feira foi conquistando de mansinho uma plateia que, na sua grande maioria, sabia ao que vinha.
Afinal, a sala estava bem composta de público de quase todas as idades pronto para ouvir da boca do próprio autor canções que durante anos foram sendo imortalizadas nas vozes de Nina Simone, Judy Collins, Jeff Buckley ou John Cale, entre muitos outros.
Fotos:

E assim foi, desde «Dance Me To The End of Love» até «Heart With No Companion», com passagens obrigatórias (e devidamente ovacionadas) por «I'm Your Man», «In My Secret Life», «Bird On A Wire» e «Hallelujah». Se Leonard Cohen esteve irrepreensível como cantador de histórias, a banda que o acompanhou não lhe ficou atrás - nove músicos exímios, alguns deles que acompanham o canadiano há várias décadas, como é o caso do baixista e director musical, Roscoe Beck.
Muito aplaudido foi também o espanhol Javier Mas, mestre do bandolim e da guitarra acústica de 12 cordas, peças essenciais na afinação precisa de uma máquina de palco que percorreu o mundo durante os últimos dois anos.
A poucos meses do final da tournée, este foi um espectáculo que serviu de despedida aos fãs portugueses e é impossível não pensar que tão cedo não voltaremos a ter a honra de receber em concerto uma autêntica lenda viva da música contemporânea.
Para os fieis seguidores de Leonard Cohen, as mais de três horas e meia de espectáculo foram o presente ideal para este adeus e ficarão certamente na memória por bastante tempo. Porém, os mais distraídos em relação à obra do cantautor não terão digerido tão facilmente uma actuação que ultrapassou largamente os limites convencionais de um concerto «normal».
Mas no final, já com uma moldura humana considerável bem à frente do palco (as cadeiras na plateia ficavam assim esquecidas por muitos), as reacções foram unânimes na hora de aplaudir o senhor de fato negro. Cohen tirou o chapéu um sem número de vezes, agradecendo a calorosa recepção de um público rendido ao charme e ao talento lírico do canadiano.
«Obrigado nós, senhor Cohen. Volte sempre.»

Alinhamento do concerto:
Primeira parte
1. Dance Me to the End of Love
2. The Future
3. Ain't No Cure for Love
4. Bird on a Wire
5. Everybody Knows
6. In My Secret Life
7. Who By Fire
8. The Darkness
9. Born in Chains
10. Chelsea Hotel #2
11. Waiting for the Miracle
12. Anthem

Segunda parte
13. Tower of Song
14. Suzanne
15. Sisters of Mercy
16. The Gypsy Wife
17. Feels So Good
18. The Partisan
19. Boogie Street
20. Hallelujah
21. I'm Your Man
22. Take this Waltz

Encore 1
23. So Long, Marianne
24. First We Take Manhattan

Encore 2
25. Famous Blue Raincoat
26. If It Be Your Will
27. Closing Time

Encore 3
28. I Tried to Leave You
29. Heart With No Companion

domingo, 5 de setembro de 2010

Casa Pia

Li, reli, vi e ouvi.
Reflecti e só me apraz dizer que é urgente mudar.
Estamos a falar de crianças abusadas, exploradas, violadas.
Que, por terem coragem de falar contra os poderosos e contra a própria vergonha e humilhação, foram perseguidas, ameaçadas, difamadas e, mais uma vez, exploradas.
Provado em TRIBUNAL que falaram verdade e que foram, de facto, abusadas, exploradas e violadas por aqueles que foram condenados (mais os outros que (i)legalmente se safaram), continuam a ser difamadas, acusadas e vilipendiadas.
Necessário mudar urgentemente este país.
Necessário que, a nível mundial, se considere a pedofilia como crime contra a humanidade (pois que é um crime contra as gerações futuras), para que estes crimes não prescrevam e para que os seus autores não se escondam debaixo de pedras construídas com toneladas de papel de tecnicidades e outros floreados (i)legais.
Entretanto, respeitem-se estas e as outras vítimas de abuso sexual, respeitem-se as instituições jurídicas que proferiram este e os outros veredictos e respeite-se a inteligência do povo português.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Professores contratados aumentam

As vagas deixadas em aberto pelos professores que se reformam não são usadas para colocar novos professores nos quadros das escolas e, assim, reduzir o número de professores contratados.

Este ano, entraram a contrato para o sistema de ensino 17276 professores. As vagas dos professores reformados não fazem com que os estabelecimentos de ensino integrem professores no quadro, isto porque o ordenado é superior.

Em média, um professor de quadro ganha, no primeiro escalão, cerca de 1300 euros. Em compensação, um professor contratado, mesmo que já há vários anos, recebe 1050 euros.

Colocar um professor nos quadros torna o orçamento mais pesado para as escolas. Daí que seja tão difícil abrir quadros e ocupar as vagas deixadas pelos professores reformados.