segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O acórdão II

"A seu favor [Carlos Cruz] temos apenas a sua integração social, familiar e económica, que o arguido sempre afirmou em julgamento. Esta integração, no entanto, não foi suficiente para justificar uma mudança da sua parte, mas antes facilitou a prática dos ilícitos por si cometidos". Esta é uma das muitas informações presentes no acórdão do processo Casa Pia, disponibilizado esta segunda-feira aos advogados dos arguidos e das vítimas, assim como ao Ministério Público.


Sobre o ex-apresentador de TV, a equipa de juizes liderada por Ana Peres escreveu ainda que a "postura em julgamento foi de negação" e que desvalorizou o depoimento das vítimas.
Carlos Silvino, cuja culpa "apresenta-se em elevadíssimo grau", teve a seu favor o facto de pedir "desculpa pelos actos que praticou" o que revelou estar consciente da gravidade do seu comportamento, repetido durante anos.
"O arguido Carlos Silvino revela através dos actos por si praticados as características de um predador sexual, o que eleva as necessidades de prevenção especial," pode ler-se ainda no acórdão.

MANUEL ABRANTES: "A culpa do arguido apresenta-se em elevado grau (...) pelo aproveitamento absoluto da posição que ocupava na Casa Pia enquanto instituição. (...) colocou em causa com a sua conduta o bom nome da instituição da Casa Pia que o acolheu como profissional."

JORGE RITTO: "A sua postura em julgamento não foi colaborante, revelando ausência de arrependimento e/ou interiorização da ilicitude da sua conduta, o que não se confunde com a sua alegada homossexualidade."

FERREIRA DINIZ: "Verifica-se, quanto a si, especial censurabilidade em cada ilícito, tendo em conta o aproveitamento da sua condição enquanto médico, factor de algum modo determinante na ausência de qualquer suspeição inicial sobre si por parte das vítimas, mas antes condição de aproximação".

HUGO MARÇAL: "Os relatos dos assistentes foram demonstrativos do manifesto aproveitamento das especiais condições de vulnerabilidade das mesmas, bem como da ausência de respeito pela autodeterminação sexual de cada uma delas. Não demonstrou qualquer arrependimento".

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