sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dores

Era muito tarde, tinha feito muitos quilómetros para te ver ao fim de cinco longos dias sem ti. Tinha fome, tinha sono e não percebia porque insistias em passear-me de carro pela vila deserta, em vez de irmos para a cama matar saudades. (Soube depois que estavas a ganhar coragem...)
Estacionaste em frente à Caixa Geral de Depósitos (soube depois que foi o único sítio que encontraste com luz...).
E puxaste de um embrulhinho de prenda.
Era uma aliança...
Costumávamos dizer que não tínhamos casado pela igreja, nem pelo civil, porque tínhamos casado pela CGD...
Todos os anos, enquanto pudeste, "agarrávamos" na Madrinha e íamos à porta do Banco renovar os nossos votos.
Para nós foi sempre um casamento a sério: para o melhor e o pior, na saúde e na doença, até que Deus resolveu separar-nos...

Agora sofro a tua ausência, a nossa casa vazia, mas o que mais me dói é a sociedade não me reconhecer o direito ao sofrimento...

B.C.

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