terça-feira, 24 de agosto de 2010

Impostos...

Ando a ler um livro sobre a Idade Média. Mais tarde falarei dele aqui, mas agora o meu problema é outro. Estava a ler o livro e a pensar que a vida naquele tempo era muito difícil. Os camponeses tinham que pagar ao Senhor das terras em troca da própria terra, beneficiando em troca de uma justiça nem sempre justa e de uma protecção que a maior parte das vezes não os protegia. Suspirei de alívio por não viver na Idade Média.
Fui tomar os medicamentos essenciais à minha sobrevivência, dos quais paguei imposto. Tomei banho com a água e o gel e o champô, dos quais paguei imposto. Vesti-me com a roupa pela qual paguei imposto. Tomei o pequeno-almoço, pelo qual paguei imposto. Saí da casa onde moro e da qual pago imposto. Entrei no carro (a minha rota não é servida por NENHUM transporte público) do qual pago imposto. Fui por-lhe gasolina e... paguei imposto. Fiz-me à estrada. Paguei a portagem, depois de quase me matar nas obras da mesma, mal sinalizadas. Cheguei ao trabalho. Trabalhei. À saída, fui buscar o recibo do vencimento, onde me tinha sido descontado... o imposto.
Voltei para casa, a ouvir no rádio as notícias sobre a morosidade da justiça, a impunidade dos maridos que violentam e matam as "suas" mulheres, os casos dúbios e intrincados que envolvem pessoas importantes, os acidentes em estradas com portagem feitas à pressa e sem o mínimo de segurança.
Saio do carro e entro em casa à pressa: já está escuro e por aqui não há policiamento...
Olho para o livro e dou graças a Deus por não viver na Idade Média...
 BC

1 comentário:

  1. Devíamos ter o direito de saber para onde vão e poder escolher onde investir os nossos impostos. Porém, teria que se mudar o conceito às ditas quantias que o governo "im-põe" e que vão para parte incerta. Mas se a relação conceito / conteúdo nunca foi um forte neste País, temos assim uma "democracia esférica" na qual o cidadão tem que ser um expert em 'football'.
    Poderia dizer que se abriu um portal do tempo e que os ladrões de Idade Média irromperam em matilha e devoram o que podem. É a maior riqueza de Portugal considerada pelos entendidos como um "património Mundial"! Seguindo esta linha de pensamento,vives na Idade Média sim, com sonhos de futuro complicado...

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